PSD, PP e PR avaliam liberação de parlamentares para votar como quiserem em relação ao impeachment da presidente. PMDB anuncia nesta terça-feira se rompe com o governo Dilma Rousseff
O presidente do PSD, ministro Gilberto Kassab (Cidades), liberou seus 31 deputados para votar como quiserem em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff(Eduardo Biermann/VEJA)
Com o anúncio do desembarque por
"aclamação" do PMDB do governo, partidos da base aliada começaram a
dar sinais mais fortes de que também podem desembarcar em breve. O partido do
vice-presidente Michel Temer decide se rompe com a presidente Dilma nesta
terça-feira, em reunião no diretório nacional. No comando do Ministério das
Cidades, o PSD decidiu liberar seus 31 deputados para votar como quiserem em
relação ao impeachment. No comando do Ministério da Integração Nacional, o PP
cogita fazer o mesmo.
No PSD, a
liberação dos deputados teve anuência do ministro das Cidades e presidente do
partido, Gilberto Kassab. Dirigentes da legenda preveem que a bancada do
partido no Senado, de três parlamentares, também deverá ser liberada. Pelos
cálculos de lideranças da sigla, de 70% a 80% da bancada na Câmara deve votar a
favor do impeachment. O cálculo foi feito antes da saída de ministros do PMDB e
do anúncio prévio de que o desembarque será aprovado por aclamação.
No PP, o presidente da sigla,
senador Ciro Nogueira (PI), admite que não terá como segurar suas bancadas na
Câmara e Senado, principalmente após o desembarque do PMDB. Na semana passada,
o partido já tinha informado Dilma dessa dificuldade. Pelos cálculos da direção
do partido, dos 49 deputados da legenda, pelo menos quinze são declaradamente a
favor do impeachment e outros 35 "aguardam" definição oficial da
presidência da legenda sobre como votar. "Só conseguimos garantir os 35
votos para o governo se for para o governo ganhar. Se for para perder, não
conseguimos", afirmou um interlocutor de Ciro. Para a direção do PP, o
governo precisa reagir para tentar segurar a base.
Na semana
passada, parlamentares do PP pró-impeachment entregaram ao presidente do
partido uma lista com assinaturas de 22 deputados e de quatro dos seis senadores,
pedindo a antecipação da convenção nacional da legenda, para votar o
desembarque. Ciro prometeu marcar uma nova reunião das bancadas para tratar do
assunto. O dirigente diz que quer "ganhar tempo" e só deixar uma
decisão oficial sobre rompimento para depois que outros partidos anunciarem o
desembarque.
Após a
reunião do PMDB, marcada para esta terça-feira, esses partidos do centrão devem
se reunir para avaliar como se posicionar. Assim como PP e PSD, o PR deve se
reunir para alinhar um discurso. Apesar de mais da metade dos quarenta
deputados do PR defender o impeachment, o ministro dos Transportes, Antonio
Carlos Rodrigues, que é do partido, diz que, se depender dele, a sigla
"não sai do governo de jeito nenhum". "Eu não saio do governo,
faço parte do governo Dilma", afirmou o ministro, acrescentando que vai
trabalhar para convencer o partido a ficar na base. Ele ressalta que o PR tem
vários cargos no governo Dilma e não seria correto abandoná-lo agora.
No
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o PTB só deve
tomar qualquer decisão de liberar a bancada ou desembarcar após o deputado
Jovair Arantes (GO) apresentar seu relatório na comissão do impeachment. Apesar
de, nos bastidores, a maioria dos dezenove deputados do PTB ser a favor do
afastamento da presidente Dilma Rousseff, a sigla quer evitar que qualquer
decisão da bancada levante suspeita sobre o trabalho do relator do impeachment,
que é aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
(Com Estadão Conteúdo)
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